Minha história pode ser comum, mas somente quem vive a dor de não conseguir ter o filho nos braços e o medo de não poder gerar sabe o significado dela.
Meu marido e eu sempre quisemos ter filhos e quando colocamos isso nas mãos de Deus e resolvemos nos preparar para gerar fomos muito abençoados. Cinco meses depois da nossa decisão recebemos o nosso tão sonhado positivo. Logo após o positivo, percebi que algo não estava certo. Comecei a sentir dores abdominais e ter sangramentos. O médico indicou que a cada três dias eu fizesse um exame Beta quantitativo (que mede as taxas hormonais) e acompanharia se estavam subindo ou não. As taxas nos exames subiam, no entanto, na ultrassonografia o médico não conseguia ver o saco gestacional e tão pouco o feto. Me pediam sempre pra aguardar mais uma semana pois eu poderia estar enganada nas datas da concepção. Assim as semanas foram passando até que após um internamento o médico concluiu que eu havia tido uma gravidez ectópica (na Trompa) e que havia sofrido um aborto. Não tinha mais nada a ser feito, somente aguardar que o meu corpo finalizasse o processo do aborto. Dói muito ouvir que aquele bebê que foi tão esperado pela família toda já não existia mais. Uma sensação de impotência tomou conta de mim, me senti muito pequena e fraca, porém tinha que repousar e me recuperar de corpo e psicologicamente. Mais duas semanas se passaram e a dor não cessava. Mais uma vez fui internada durante a madrugada sem saber ao certo o que estava acontecendo. Cada médico que assumia o plantão no hospital me examinava, e me mandava fazer uma ultrassonografia. Me diziam que eu estava com um cisto hemorrágico no lado esquerdo e que precisava realizar uma cirurgia pois estava com hemorragia interna. Fui para o centro cirúrgico e lá permaneci por três horas. Estava com aderência entre os órgãos devido a hemorragia e para minha surpresa eu não estava com um cisto hemorrágico . O que aconteceu foi que o meu bebê continuou a crescer dentro da trompa e a trompa se rompeu com 11 semanas de gestação . Quando eu e meu marido vimos aquele bebê em formação, com mais ou menos 12 cm, a dor foi ainda maior. O nosso pequeno bebê estava ali . Foi horrível passar por isso. Foram 11 dias de internamento, estava muito debilitada fisicamente, mas psicologicamente estava ainda pior. Eu sabia que tinha mais chances de ter outra gravidez ectópica se comparado a outras mulheres que nunca tiveram, e ainda como estava sem uma das minhas trompas as minhas chances de engravidar caíram pela metade.
No retorno ao médico, depois de 40 dias , descobri um cisto de 7 cm no ovário que me incomodava bastante. Iniciei o tratamento a base de anticoncepcional e o cisto diminuiu, mas quando parava com o tratamento ele voltava a aumentar. Decidi então que faria uma cirurgia de retirada do ovário, conforme orientação medica . Iniciei os exames . Um dos exames indicados pela medica eram muito invasivos e eu precisava menstruar antes de realizá-lo. Fiquei aguardando.
Sempre tive muita fé e coloquei tudo nas mão de Deus pois tinha certeza que na hora certa ele providenciaria.
Nesse momento eu queria estar apenas me sentindo bem e pedia a Deus nas minhas orações que se não fosse de seu agrado me permitir ter filhos biológicos que providenciasse o filho adotivo.
Estava aguardando para realizar o meu exame quando meu marido cismou que eu estava grávida, mesmo eu negando. Depois de tanta insistência fiz um exame de sangue e deu negativo, porém ele não se abalou e continuou a afirmar que tinha certeza que eu estava grávida. Comprou um teste de farmácia e deu positivo, e três dias depois realizei novamente o exame de sangue que também deu positivo.
A família toda ficou muito empolgada e feliz. Devotos de São Judas Tadeu, sempre faziam novenas e pediam a Deus por nós. Dessa vez eu sentia que ia ser diferente. Tive uma gravidez que inspirou cuidados pois sou hipertensa e tinha placenta prévia. Graças a Deus tive ao meu lado minha família e meu marido que foi o melhor companheiro que a vida poderia me dar.
Com 38 semanas de gestação, fui a uma consulta de acompanhamento e a médica me disse que eu não tinha líquido amniótico suficiente para o bebê. Duas horas depois nasceu a perfeição de Deus para nossas vidas. Nosso José Heitor chegou cheio de saúde no dia 09 de julho de 2018, com 2,860Kg. Daquele momento em diante conheci o verdadeiro amor, incondicional e inabalável. Percebi como Deus é bom e misericordioso. Ele conhece os nossos medos, angústias e jamais nos abandona. O nosso tempo pode não ser o tempo de Deus. Precisamos ser firmes e confiantes que ele providencia sempre.